Muitos de nós baseamos nossos investimentos em projeções de mercado, mas a realidade é que essas previsões frequentemente falham.
Em janeiro de 2024, por exemplo, o Boletim Focus – pesquisa do Banco Central com os principais participantes do mercado – estimava que a Selic encerraria o ano em 9% e o dólar em R$ 4,95.
No entanto, o desfecho real foi bem diferente: Selic a 12,25% e dólar a R$ 6,18.
Olhando para trás, parece óbvio que essas previsões estavam erradas, mas, no início de 2024, o otimismo em relação ao Brasil e ao cenário global justificava tais expectativas.
A verdade é que diferentes classes de ativos apresentam grande alternância de desempenho ano a ano.
Raramente os investimentos que se destacam em um período continuam no topo no ano seguinte, como podemos observar na imagem abaixo:
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Como descobrir a estratégia ideal para o seu perfil?
Na Liberta, acreditamos que cada estratégia tem um horizonte de tempo adequado ao nível de risco assumido.
A definição do risco ideal deve levar em conta três fatores principais: capacidade, tolerância e necessidade.
- Capacidade: relaciona-se ao patrimônio financeiro do investidor. Quanto maior a diferença entre o patrimônio e o custo de vida, maior a capacidade de assumir riscos.
- Tolerância: diz respeito ao aspecto psicológico. Nem todo investidor que tem capacidade de assumir risco consegue lidar emocionalmente com as oscilações do mercado – e está tudo bem com isso.
- Necessidade: determinada pelo financial planning, uma ferramenta oferecida pela XP e aplicada pelos assessores da Liberta. Esse processo analisa receitas e despesas futuras para calcular o retorno necessário para atingir objetivos financeiros, como aposentadoria ou construção de patrimônio para herança. Essa análise ajuda a responder tangibilizar questões intangíveis como: “Posso me aposentar mais cedo?” ou “O que acontece se aumentar meu custo de vida para elevar o padrão de vida?”.
Com essas três vertentes analisadas e um planejamento financeiro bem estruturado, é possível definir a estratégia ideal para o portfólio.
Exemplo de recomendação do comitê de alocação da XP
Abaixo, apresentamos um exemplo de alocação recomendada pelo comitê de alocação da XP:
Esses são os percentuais do portfólio que nos protegem dos vieses emocionais e principalmente da discussão de um ativo do mercado estar “caro” ou “barato”.
Como vimos, as previsões de mercado constantemente erram, então um dos principais indicadores para nossas decisões de venda ou compra deve ser o quanto estamos alinhados com esses percentuais.
É parte fundamental desse processo realizar o rebalanceamento do portfólio (buscando adequar os percentuais) para que o portfólio não se descaracterize: naturalmente os ativos mais arriscados e de maior retorno passariam a tomar conta do portfólio caso esse processo não fosse realizado e isso traria um aumento de risco extremo.
Quer um exemplo?
De 2016 a 2020, a bolsa brasileira, antes da pandemia, valorizou aproximadamente 175%.
Assim, quem não fez o rebalanceamento entrou com excesso de risco na pandemia e teria visto o seu portfólio cair junto com a queda de 45% da bolsa brasileira.
Abaixo, deixo uma ilustração sobre o rebalanceamento do portfólio:
Uma recomendação final
De maneira resumida, gostaria que você ficasse com as seguintes mensagens:
- Avaliação de resultados dos investimentos deve ser feita no longo prazo. O tamanho do longo prazo é definido pelo risco assumido.
- Tão importante quanto conhecer a parte científica dos investimentos, é o autoconhecimento para saber o quanto de risco tolera e precisa.
- Para obter retornos adequados e de longo prazo, não é necessário ser um gênio: é preciso ter um processo sólido e disciplinado.
- Aportes constantes são uma parte fundamental do processo para fazer o rebalanceamento ao longo do tempo.
